domingo, 1 de junho de 2008

A Vida de Maricotinha - Cap. II


Ao abrir os olhinhos, Maricotinha olhou ao seu redor: todo o ambiente lhe parecia estranho. Não conseguia se situar. As luzes eram muito fortes, e machucavam seus olhinhos. Logo pôde perceber que não estava em casa. Viu que estava em uma redoma, como se fosse uma caixinha transparente cheia de tubos encaixados, que a isolava do ambiente. Maricotinha ficou um bom tempo pensando, tentando descobrir o que havia lhe acontecido. Uma confusão tomou conta de sua cabeça, deixando-a tão cansada que voltou a dormir.
Acordou assustada, sem noção de tempo. Abriu os olhinhos e viu uma mulher simpática, com cara de cavalo e vestida de branco, tirando-a da redoma. Foi aí que pôde ver que estava numa sala com outros bebês, estes também em outras redomas. Do lado de fora da sala, sorrindo estavam um homem e uma mulher. A mulher era pequena, cabelos curtos, pretos e lisos. O homem era mais alto, gordinho e barbudo. A moça de branco entregou-a para a mulher, que pegou-a no colo com cuidado, dizendo:
__ Olá, minha querida. Como esperamos por você! Agora poderemos, finalmente, levá-la para casa.
Maricotinha logo compreendeu que aqueles eram seus "pais". No colo da "mãe", Maricotinha ia perdendo de vista a sala, a moça de branco, o corredor, o hospital... Mas alguma coisa acontecia que tirava sua atenção de tudo isso: aquele homem barbudo. Ele a intrigava, transmitindo-lhe uma paz e segurança muito parecidas com as que sentia quando estava em casa. Ele a encarava sorrindo, e seus meigos olhos azuis pareciam querer dizer-lhe alguma coisa. No fusca branco, quando não podia mais encarar-lhe o rosto, Maricotinha observava a parte de trás da cabeça daquele homem. Pôde perceber, à luz do sol, que seus cabelos eram claros, quase loiros...


Escrito por Juliana Melo Paulo