domingo, 23 de setembro de 2007

linho


alvo leito de deleites
ndício do que se passa por um doce vício
singela aparência da mais fina essência
do sabor
do ardor
do amor
espíritos sem cores que sentem suas dores
respirem o odor da bondade
percam a maldade
chorem por liberdade
doce sonho que por mim proponho
tornar-te real, afinal
e o desejo, aquilo que realmente almejo
que dure essa tal felicidade
nos banhe
nos acompanhe
nos entranhe
e que seja essa nossa infinita verdade


Escrito por Juliana Melo Paulo

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Vozes no Silêncio


Vozes ecoam no silêncio.
O silêncio de minha tortuosa mente.
Deixem-me calcular, imaginar, supor...
Permitam-me formar um parecer.
Por que me angustiam?
Por que emitem esses sons que sujeitam-me à tortura?
Oh! Amarga e consternadora tortura,
funesto martírio sedutor de meu intelecto...
O que queres de mim, sussuro medonho?
Queres me martirizar?
Queres mortificar-me?
Abismem-se de mim, fantasmas agourentos!
Deixem-me ouvir a mim mesma.
A minha voz que se cala diante de vossos desígnios...
De vossos juízos...
Extinguam-se de mim, vós e vossa tribuna.
Seres que me causam abafamento...
Estou sufocando...


Escrito por Juliana Melo Paulo

sábado, 1 de setembro de 2007

Túmulo


Não há prantos que se ouçam mais
do que os gritos inebriantes desses lábios mudos.
Abraça-me no conforto de teus braços escarlates.
Troca o calor de teu corpo afogueado por minha pálida gelidez.
Sente-me,
mistura-te a mim,
toma-me sem sacrifício.
Agradável.
Aprazível.
Que tua mantilha aveludada seja minha mortalha.
E um gracioso toque de seda.
Aturde-me com esse fresco odor do campo.
O odor da sorte,
o odor da morte.
Por fim, cubra-me com teu verniz,
e me mantenhas intacta.
Haverá um grande banquete esta noite!
Deleitem-se animais invertebrados,
helmintos e gusanos,
vermes vindos do centro da terra:
eis aqui, teu alimento!


Escrito por Juliana Melo Paulo