quarta-feira, 25 de julho de 2007

Considerações pertinentes sobre o museu da loucura, o hospital psiquiátrico de Barbacena e a psicologia...


Um lugar carregado de dor.
Trabalhos, uniformes, fotos, moedas, aparelhos, utensílios, acessórios...
Tudo sujo de lágrimas...
Dor, sofrimento, e abandono...
Me emocionei com os maus tratos aos pacientes quando o hospital foi fundado.
Crianças algemadas e acorrentadas pelo pescoço.
Nem consegui ver o museu todo, comecei a passar mal, a sentir o clima pesado...
Saí e chorei...
Muitíssimo pesado.
Quando fomos visitar o hospital, nas casinhas de reabilitação dos doentes mentais, teve uma senhora que grudou em mim por eu estar de branco.Me chamava de doutora e me abraçava.
Me contou da família dela... Uma família que não lembrava mais que ela existia.
Nossa, que dia emocionante!
Realmente fazia tempo que eu não me emocionava tanto.
Se todos vissem as coisas que eu vi, da forma que eu vi, também chorariam.
É triste...o hospital criou essas casinhas para "reabilitação" dos doentes mentais não perigosos, os que devem ser reintegrados à sociedade.
Mas aquilo parece um asilo.
Tá na cara que são pessoas, homens e mulheres, que nunca vão voltar à viver em sociedade.
Vão morrer ali.
É muito doloroso, é muito sofrimento.
Eu amo os doentes mentais.
Eu nasci pra dar amor a essa gente.
Isso é tudo o que eles não têm.
E se eu precisar deixar de viver a minha vida pra viver pra eles, eu vivo.
Por isso, eu tenho orgulho do que eu faço.
É simplesmente maravilhoso.
É lindo, lindo...
E, na verdade, não é mérito nenhum.
É obrigação.
É o mínimo que todo ser humano deveria fazer.
Se cada um desse um pouco de si pro outro, o mundo não seria caótico como é.
Meu estômago embrulha de lembrar dessa visita.
Foi uma das experiências mais fortes que já tive.
Pra isso eu estudo, eu me dedico, e para/por dois tipos de pessoas irei até o fim.
Um tipo são meus queridos doentes mentais.
O outro tipo é o envolvido pela psicologia hospitalar.
Pacientes desenganados...
Terminais...
Que tem um fio de vida, ou nem um fio...
Que esperam por uma chance de sobreviver, ou esperam pela morte...
Cuidar deles e de seus parentes, que sofrem junto.
E nessas horas me sinto estranha...
Sinto que às vezes um pequeno probleminha meu, particular, pode me derrubar.
Sinto como se um sopro me derrubasse.
Ao mesmo tempo que sinto que, se eu precisar esquecer de mim e levar o mundo nas costas, eu dou conta.
Sem medo nenhum de não dar.
Isso porque simplesmente eu amo o ser humano.
É o amor no qual acredito.
É o amor que deveria ser mais abundante nesse mundo.
Como eu gostaria que as pessoas não perdessem seus valores...
Não deixassem que o lixo no qual transformamos esse mundo diminuísse sua essência. Conheçam a maldade.
E vivam alheios à ela.
Que me chamem alienada!
Mas prefiro morrer do que sucumbir à maldade.
Se um dia eu me perceber corrompida por essa podridão, por essa sujeira, eu acabo com tudo.
Não foi pra isso que eu vim aqui.
A minha missão é grande, é árdua, mas é a melhor de todas.
É amar, e fazer com que esse amor se dissemine, de alguma forma.


Escrito por Juliana Melo Paulo

sábado, 14 de julho de 2007

Follow the light...


The road is dark.
Very dark.
So Dark...
Steps.
Feet before feet.
There is no sound around.
I hear my steps.
I feel cold.
The racket of my heart beating is deafening.
The ice that goes down my throat is as a silver wire.
A needle pointing to my chest.
Smoke goes out of my nostrils confusing the vision of my eyes.
Eyes that are watering and dry.
Dry and watering.
They dry.
They dry.
The body starts to anesthetize.
I do not feel my fingers.
I do not feel my legs.
Involuntary movements.
Smoke, iron, water.
The fog recovers me.
I see nothing around me.
I do not know where to go.
I don't see the way.
Loss...
A light.
Far far away.
So far away.
Follow the light.
I Follow the light.


Escrito por Juliana Melo Paulo